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Sal: vilão ou mocinho?

Recente pesquisa, divulgada na edição de 4 de maio do Journal of American Medical Association (JAMA), questiona os reais malefícios que o consumo de sal pode trazer para a saúde. O estudo mediu a excreção diária de sódio pela urina de 3.700 pessoas, sem doença cardiovascular, durante quase oito anos. O resultado foi surpreendente: segundo os dados analisados, uma dieta com baixo consumo de sal eleva os riscos de morte por ataque cardíaco e derrame, enquanto o aumento dos níveis de ingestão não está relacionado com aumento na incidência de hipertensão. Entretanto, médicos ressaltam que não foram avaliados na pesquisa os efeitos redutores da pressão arterial, obtidos por meio de uma dieta com restrição de sal para pacientes hipertensos.

O estudo casou polêmica, principalmente por colocar na berlinda uma postura muito difundida ao redor do mundo. Entre as limitações do estudo, está o grupo analisado, composto apenas por pacientes com idade média de 40 anos, brancos, europeus e sem doenças cardiovasculares.

Em matéria publicada no The New York Times, o doutor Michael Alderman (editor da revista American Journal of Hypertension) afirmou que a literatura médica sobre os efeitos do sal na saúde é inconsistente e que esse não é o único estudo a levantar os problemas de uma dieta pobre em sódio. Segundo o médico, a redução no consumo de sal tem consequências que vão além da pressão arterial, como, por exemplo, o aumento na resistência à insulina, que pode elevar o risco de doença cardíaca.

A verdade é que o debate sobre os efeitos do sal está mesmo longe de terminar. Especialistas concordam que os estudos existentes são insuficientes para determinar uma postura a ser adotada pela comunidade médica e que investimentos para pesquisas nessa área devem continuar a ser feitos.

 

Editora médica: Dra. Anna Gabriela Fuks (615039RJ)
Jornalista responsável: Roberto Maggessi (31.250 RJ)